terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para que estudar?


Este texto foi escrito para os alunos da 1ª série do Ensino Médio do Colégio Equipe, por Rodrigo Travitzki.



Quem sou eu? Quem somos nós? Onde vivemos? De onde viemos? O que podemos fazer com tudo isso? Essas são perguntas que toda pessoa, por mais “prática” que seja, se faz algumas vezes na vida. Elas nos fazem pensar sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor, ampliando nosso conhecimento e nossa capacidade de ação.

Como se diz, um ser humano deve agir de acordo com sua consciência. É preciso, portanto, ampliar esta consciência de todas as formas possíveis: conversar, observar, realizar, questionar, afirmar, ler, escrever... tudo isso faz parte do que chamamos de estudar. E estudar, antes de mais nada, é uma busca pela ampliação da consciência para que possamos fazer as coisas melhor do que já fazemos. Decidir com mais clareza o que fazer, não só em cada pequeno problema, mas na realização de grandes planos para nossas vidas ou, quem sabe, algo maior ainda.(...)


Ah, como é bom viver no século XXI onde as perguntas foram todas respondidas pela ciência!


Curiosamente, isto é o mesmo que se pensava em diversas outras épocas. Na Grécia antiga, na Europa medieval, no império chinês, no renascimento, no século XIII, enfim... a verdade é que o homem consegue sempre dar algum sentido ao mundo e a si mesmo. (...)


Sendo assim, o mundo pode ter muitos sentidos diferentes, e todos eles podem fazer sentido. Não é à toa que todos nós temos preconceitos. Estamos sempre julgando as coisas, mesmo que saibamos muito pouco sobre elas.


Como podemos, então, saber qual destes sentidos é mais verdadeiro? Como evitar o preconceito? Talvez não tenhamos essa habilidade. Felizmente, temos outras. Temos a “humildade” de estar sempre abertos a novas maneiras de ver as coisas. Temos a “ousadia” de encarar nossos problemas de frente e, se for o caso, mudar nossas opiniões.


Podemos, além disto, verificar quais sentidos nos ajudam a viver melhor, a construir ferramentas, a garantir a qualidade de vida das próximas gerações. Se estes sentidos são “verdadeiros” ou não, essa é uma coisa que talvez nunca venhamos a saber. Mas podemos julgar se eles nos servem, dependendo de nossos objetivos em cada circunstância.

Afinal de contas, por que é tão prazeroso entender alguma coisa? Captar algum sentido no mundo que antes nem sabíamos da existência? Por que exclamamos “Ah, entendi!” enquanto um sorriso se desenha automaticamente em nosso rosto?



Porque dar sentido faz parte de nossa natureza. Não podemos escapar disto. É preciso, então, fazê-lo com cuidado, pois as conseqüências de um equívoco podem ser desastrosas.(...)


Mas o que aconteceria se as pessoas não estudassem?
Você, por exemplo, teria todos os dias livres! Que maravilha, não? Ao menos no curto prazo, pois mais tarde você teria que trabalhar, e então veria como a sociedade pode ser opressiva com as pessoas de baixa escolaridade.
Mas este argumento você já deve ter escutado muitas vezes, e talvez já tenha sido suficiente. Neste caso, que bom. Por outro lado, alguém poderia dizer, “é, mas o presidente do país não terminou os estudos!”. Este é realmente um curioso e simbólico exemplo, mas sabemos tratar-se de uma exceção, e não da regra (alguns vão dizer que preferem ser exceção, mas neste caso terão que desenvolver um domínio ainda maior das regras para poderem sobreviver neste mundo(...).

Mas se este for o único motivo para estudar – preparar-se para o mercado de trabalho – então por que tanta demora, tanta variedade e problematizações, quando tudo o que precisamos é saber fazer algo para ganhar algum dinheiro? “Por que tenho que estudar matemática se quero ser cineasta?”, “por que estudar história quando minha meta é ser físico de partículas?”


- Afinal, não preciso saber de todas as coisas para conhecer algumas!(...)


Um mundo que pode ser visto de muitas maneiras.
Buscar a liberdade é buscar entender o mundo, o corpo, o espírito, suas possibilidades e limitações. A partir disto é que se pode ser realmente livre. Tendo diferentes formas de ver a mesma coisa, diferentes recursos para resolver problemas e enxergando as melhores opções em cada circunstância.


Mas cada momento, para um homem livre, não é algo instantâneo, e sim o resultado e a causa de diversos outros momentos. O tempo flui das causas aos efeitos, e isto não nos impede de sermos livres. Pelo contrário, é entendendo esta teia de causas e efeitos que podemos fazer aquilo que realmente queremos. Não com um momento, mas com a nossa vida. Afinal, os homens sabem que vão morrer, talvez a cigarra macho não. Então, por que os homens também cantam? Por que jogam futebol?


Por que estudar pode ajudar um homem a se tornar mais livre?


Pense um pouco sobre isso, coma uma maçã, olhe para a janela, beba calmamente um copo d’água e responda você mesmo.






Fonte: Rodrigo Travitzki - digao.bio.br


Texto condensado – retirado do blog: http://rizomas.net/


Para ler o textro completo clique aqui:
http://rizomas.net/cultura-escolar/material-didatico/textos-e-tutoriais/51-por-que-estudar.html